Agrupamento de Escolas/ Escola não agrupada

Agrupamento de Escolas de Santa Maria Maior


Concelho

Viana do Castelo


Localidade

Viana do Castelo


Título da experiência

TV na Maior


Qual dos eixos temáticos principais é desenvolvido na sua proposta?

Cidadania digital ativa e responsável


Data e duração da implementação

Projeto criado em 2016 e colocado em prática todos os anos letivos desde então.


Descreva brevemente a experiência

A TV na Maior é um canal de televisão escolar com produção de noticiários, reportagens, trabalhos de entrevista e documentário, revista de imprensa e crítica literária.

Fruto da parceria entre a Biblioteca Escolar e o Curso Profissional de Audiovisuais, iniciamos este projeto em 2016 para responder à necessidade de educar os nossos alunos para os media.


Idades dos alunos participantes

15-18 anos


Disciplinas(s) implicada(s)

Disciplinas do Curso Profissional de Técnico de Audiovisuais, Português, todas as disciplinas envolvidas na conceção e na realização de notícias e reportagens (articulação continuada com os Departamento de Línguas Estrangeiras, Português, Ciências Sociais e Humanas, Matemática e Ciências Experimentais).


Quais foram os objetivos de aprendizagem?

Este projeto visa essencialmente dotar os nossos alunos de competências que lhes permitam ser mais responsáveis, críticos e éticos enquanto consumidores e produtores de conteúdos mediáticos. Assim, o projeto desenvolve-se em torno de três objetivos fundamentais:

  • Desenvolver competências de leitura e expressão - escrita, oral e multimédia - e competências na área da literacia da informação, com vista ao incremento do espírito crítico e reflexivo e de formas de comunicação responsáveis, esclarecedoras e éticas.
  • Utilizar de forma criativa e informada uma variedade de média, ferramentas digitais e ambientes sociais para criar e comunicar ideias com rigor e eficácia e interagir com diferentes audiências.
  • Consolidar hábitos de utilização da biblioteca e dos seus recursos de forma orientada e autónoma, encarando-a como uma estrutura que potencia o saber e proporciona oportunidades de aprendizagem através de ações para o desenvolvimento das literacias da leitura, da informação e dos média nos novos ambientes tecnológicos e colaborativos.

O nosso objetivo geral é a melhoria das aprendizagens dos alunos, através do desenvolvimento da literacia dos media e com recurso a estratégias de aprendizagem ancoradas na metodologia de projeto. Pretendemos, assim, trazer para a escola uma cultura de convergência mediática, proporcionando aos alunos oportunidades para desenvolverem um conjunto de competências e conhecimentos que são transversais ao currículo e que estão enunciados, por exemplo, no Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória. A saber:

  • procura, avaliação crítica e tratamento da informação;
  • utilização ética, responsável e crítica da informação em diferentes suportes;
  • reconhecimento e respeito pelos direitos de autor;
  • conhecimento e reprodução das estruturas e características de diferentes géneros jornalísticos;
  • competências de expressão escrita e oral;
  • espírito crítico, da autonomia e da criatividade;
  • crescente interesse pelos meios de comunicação social;
  • reconhecimento dos diferentes tipos de média; os média como construção da realidade; a desinformação;
  • técnicas de produção audiovisual: filmagem, edição de vídeo, sonoplastia
  • uso das ferramentas que permitem disponibilizar ao público os conteúdos produzidos.

Qual foi a origem desta proposta?

Este projeto surgiu no contexto de desenvolvimento da intervenção da Biblioteca Escolar na escola e da necessidade de criar para os alunos oportunidades de aprendizagem inovadoras que lhes permitissem adquirir, de forma integrada, competências na área das literacias da leitura, da informação e dos media.

A sua conceção teve por base as orientações constantes nos documentos Referencial de Educação para os Media e Referencial Aprender com a Biblioteca Escolar, sendo que este último documento aponta a Literacia dos Media como uma das áreas de intervenção da Biblioteca Escolar, juntamente com a Literacia de Leitura e da Informação.

Neste sentido, a Biblioteca Escolar lançou o desafio à equipa técnica do Curso Profissional de Técnico de Audiovisuais e, em colaboração, foi desenhado o projeto de criação de um canal de televisão escolar. A concretização do projeto foi possível graças ao apoio financeiro da Rede de Bibliotecas Escolares no âmbito da candidatura Ideias com Mérito.


Que metodologias foram utilizadas?

A operacionalização prática exigiu um trabalho colaborativo intenso entre biblioteca escolar e o curso de audiovisuais, para organizar o processo de aquisição do equipamento, a montagem do estúdio, a constituição das equipas de trabalho e os momentos de formação informal que lhes vamos proporcionando.

O trabalho organiza-se entre duas equipas:

  • a equipa de jornalistas, constituída por alunos de diferentes cursos do ensino secundário que produzem os guiões de entrevista e reportagem, redigem os textos, fazem as vozes-off e os pivôs dos noticiários, num trabalho coordenado pela professora bibliotecária;
  • a equipa técnica, constituída pelos alunos do curso de audiovisuais que asseguram a filmagem, a edição dos programas e o design do canal. Este trabalho técnico desenvolve-se essencialmente em contexto de sala de aula e é orientado pelos professores das disciplinas técnicas do curso.

Apesar do núcleo dinamizador ser constituído por 3 professores, temos estabelecido muitas parcerias com professores de outras disciplinas, até com Conselhos de turma inteiros, como foi o caso das séries Palavras Revistas ou Livros no Sofá. Há também parcerias pontuais com entidades exteriores à escola, como o Geoparque Litoral de Viana do Castelo.


Se um professor de outro estabelecimento de ensino estivesse interessado em replicar a iniciativa, como a explicaria?
 
  • Diagnóstico (Que dificuldades detetamos nos alunos ao nível das competências transversais constantes no PASEO?)
  • Definição dos objetivos (onde queremos que os nossos alunos cheguem em termos de aprendizagens?)
  • Elencagem dos materiais/equipamentos necessários (O que é necessário para o desenvolvimento do projeto? O que existe na escola? O que precisamos de comprar?)
  • Seleção do equipamento/recursos a adquirir. Aquisição.
  • Montagem do estúdio.
  • Motivação das turmas do Curso Profissional de Audiovisuais. Produção da imagem identitária da TV (logótipo, fundos para green screen, genéricos para os programas).
  • Casting para as equipas de jornalistas e repórteres.
  • Formação com colaboradores externos (jornalista de televisão e técnico de imagem) dirigida aos alunos das equipas técnicas e de jornalistas.
  • Reuniões regulares entre a professora bibliotecária e os professores da equipa técnica para planificação do trabalho a realizar.
  • Criação da página web do canal com a colaboração de uma docente de Informática.
  • Reuniões frequentes entre a professora bibliotecária e os alunos da equipa de jornalistas para alinhamento de noticiários, produção de textos de notícia, reportagem ou guiões de entrevista. O trabalho dos alunos da equipa técnica desenvolve-se em contexto de sala de aula.

Por exemplo, a publicação mensal de noticiários, implica as seguintes etapas:

  • consulta do Plano Anual de Atividades da Escola para seleção das atividades a noticiar;
  • recolha de imagem e de depoimentos/entrevistas quando tal se justifica;
  • alinhamento das notícias, produção de textos para voz-off e do texto do pivô;
  • gravação do pivô; edição de vídeo;
  • publicação na página web da TV na Maior e nas redes sociais da biblioteca escolar, do curso profissional e do agrupamento.

Na maior parte das vezes, os textos das notícias são feitos com o apoio de alunos e professores extra equipa da TV. Por exemplo, as notícias sobre a Semana da Ciência e Tecnologia são produzidas pelos alunos dessa área, com o apoio dos professores das disciplinas de Biologia, Física e Química e Matemática. Esta dinâmica permite ter uma equipa alargada de alunos e docentes a colaborar com o canal de televisão.

A produção de reportagens ou revistas de imprensa tem implicado nos últimos anos a participação de turmas e dos respetivos conselhos de turma que, no âmbito do projeto de Domínio de Autonomia Curricular, planificam e desenvolvem um trabalho regular com a equipa nuclear da TV na Maior com o objetivo de produzirem uma série de programas. Exemplo desta articulação foi a série de programas de revista de imprensa Palavras Revistas.

O projeto tem contado também com algumas parcerias externas ao agrupamento. A título de exemplo, referimos a parceria com o Geoparque Litoral Norte / Câmara Municipal de Viana do Castelo, para o qual a TV na Maior produziu um conjunto de reportagens e entrevistas sobre o património natural da nossa comunidade local.


Qual o grau de participação e de envolvimento dos alunos?

Através do envolvimento de turmas inteiras na produção de conteúdos para a TV na Maior, o grau de participação dos alunos e dos professores é elevado, tendo aumentado com as propostas de trabalho dos conselhos de turma no âmbito do Domínio de Autonomia Curricular. Este domínio corresponde a uma área de confluência de trabalho interdisciplinar e de articulação curricular que resulta do exercício de gestão de flexibilidade do currículo para o qual se convocam várias disciplinas.


Como é que o uso da tecnologia enriqueceu ou melhorou a aprendizagem dos alunos?

O uso de equipamentos audiovisuais e de ferramentas de edição potenciou a aprendizagem dos conteúdos técnicos que constituem o objetivo fundamental do curso de audiovisuais.

Os alunos da equipa de jornalistas e todos os que colaboram na produção de conteúdo usam as ferramentas digitais essencialmente para a pesquisa e seleção de informação, o que lhes permite desenvolverem as competências de literacia da informação já enunciadas. O uso da tecnologia tem sido essencial para a consecução do projeto.

O uso da tecnologia e das ferramentas digitais permitiram concretizar na prática situações de aprendizagem potenciadoras do desenvolvimento das competências do Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória no que diz respeito ao domínio “Saber científico técnico e tecnológico”:

  • manipular e manusear materiais e instrumentos diversificados para controlar, utilizar, transformar, imaginar e criar produtos e sistemas;
  • executar operações técnicas, segundo uma metodologia de trabalho adequada, para atingir um objetivo ou chegar a uma decisão ou conclusão fundamentada, adequando os meios materiais e técnicos à ideia ou intenção expressa;
  • adequar a ação de transformação e criação de produtos aos diferentes contextos naturais, tecnológicos e socioculturais, em atividades experimentais, projetos e aplicações práticas desenvolvidos em ambientes físicos e digitais.

Que estratégias e instrumentos de avaliação foram utilizados?

O foco principal tem sido a autoavaliação com vista à melhoria.

Assim, temos implementado momentos de análise do trabalho efetuado (processos e produtos), através da aplicação de listas de verificação e rubricas de avaliação. A monitorização e avaliação contínuas recaem sobre os processos de trabalho e visam o fornecimento de um feedback regular aos alunos.

Outra vertente da avaliação tem sido a análise das perceções dos alunos sobre o impacto do projeto nas suas aprendizagens. Esta auscultação tem sido feita através da realização de focus groups com a presença de elementos das duas equipas de trabalho.

Nos casos do trabalho com as turmas no âmbito dos DAC, a avaliação da participação dos alunos é feita no âmbito de cada disciplina com ênfase na autoavaliaçãao e na avaliação formativa com feedback aos alunos. Neste âmbito, a avaliação quantitativa dos trabalhos produzidos obedece a critérios previamente definidos pelos docentes das disciplinas de acordo com o Referencial de Avaliação do Agrupamento.

Do ponto de vista dos alunos de audiovisuais, a participação dos alunos é avaliada em todas as unidades de formação da componente tecnológica do curso e, de acordo com o novo Referencial de Avaliação das Aprendizagens, as aprendizagem a adquirir têm expressão nos seguintes domínios: Conhecimentos (científicos, comunicativos e técnicos) e Aplicação de Competências (Científicas, comunicativas e técnicas).

A monitorização de todas as atividades é da responsabilidade do corpo docente que leciona estas UFCD’s, uma vez que os alunos são agrupados em pequenos grupos de trabalho. Por regra, cada equipa é constituída por 3 a 4 alunos e cada elemento tem uma função. Cada grupo vai desenvolvendo o projeto no tempo letivo das várias UFCD’s, havendo uma gestão com as restantes propostas de trabalho.

Assim, o processo para a produção de qualquer produto audiovisual reflete-se na aquisição de um conjunto de competências, pois os alunos têm que:

  • saber comunicar com a equipa de jornalistas para desenharem o guião técnico e definirem a lista de equipamentos necessários para dar resposta à fase de produção - fase de pré-produção.
  • cooperar em equipa e trabalhar autonomamente, pois em grande parte das atividades os alunos gravam sem a presença do professor e em tempo extraletivo – fase da produção.
  • gerir todas as funções e serem organizados de forma a conseguirem material, que foi captado durante a fase de produção, tenha qualidade para a edição – fase de pós-produção.
  • aplicar os conhecimentos técnicos ao longo das 3 fases para desenvolverem o produto final.

Quais foram as principais conclusões e avaliações tiradas após colocar em prática essa experiência?

A grande mais-valia do projeto é o impacto de todo o processo de trabalho nas aprendizagens dos alunos, o que nos leva a concluir que os alunos estão predispostos para este trabalho na área dos média, são sensíveis às questões da desinformação e da necessidade de mantermos meios de comunicação isentos e livres como garante da liberdade individual e dos valores democráticos.

Nas auscultações efetuadas, os alunos apontam a aquisição de aprendizagens várias no âmbito:

  • da seleção da informação;
  • da comunicação oral e escrita;
  • do respeito pelos direitos de autor;
  • do desenvolvimento do espírito crítico, da autonomia e da criatividade;
    Referem também o crescente interesse pelos meios de comunicação social pelo facto de começarem a perceber como funciona a televisão.

Do ponto de vista dos alunos de audiovisuais, o potencial da TV na Maior tem outro significado, porque lhes permite colocar em prática os conhecimentos que aprendem nas disciplinas técnicas e se sentem mais próximos das expectativas e exigências do mercado de trabalho.

Do ponto de vista da dinâmica da escola, este projeto ajuda a reforçar o papel da Biblioteca Escolar como makerspace, uma oficina de trabalho que se expande até ao estúdio da TV na Maior, que é um espaço de trabalho colaborativo onde se aprende experimentando, partilhando e construindo conhecimento e, assim, abrindo caminho para uma cidadania mais participativa. O projeto tem, por isso, uma vertente de educação para a cidadania.


Qual o impacto desta experiência nos alunos e no seu ambiente?

O impacto despe projeto é visível pela observação da melhoria das competências dos alunos:

  • na procura, avaliação crítica e tratamento da informação;
  • na utilização ética, responsável e crítica da informação em diferentes suportes;
  • no reconhecimento e respeito pelos direitos de autor;
  • no conhecimento e reprodução das estruturas e características de diferentes géneros
    jornalísticos;
  • nas expressão escrita e oral;
  • nos hábitos de utilização autónoma da biblioteca escolar e dos seus recursos;
  • nos hábitos e gosto pela leitura recreativa;
  • na utilização de ferramentas digitais para colocarem em prática processos criativos motivados pela leitura e pela pesquisa de informação;
  • na produção de conteúdos audiovisuais, através do progressivo domínio das técnicas de produção de vídeo, sonoplastia, iluminação, fotografia e do uso das ferramentas digitais de comunicação.

A TV na Maior é uma forma de intervir na vida da escola e da comunidade. Os alunos participantes afirmam a satisfação em poderem transmitir o pulsar das escolas do agrupamento. Referem um maior interesse pelos meios de comunicação social e uma maior facilidade na procura e comunicação da informação, bem como o desenvolvimento da criatividade e do pensamento crítico.


Participar na TV na Maior significa também, para os nossos alunos, chamar a atenção das pessoas para temas fraturantes, transmitir valores, que formam e educam para a cidadania, mas também eternizar momentos que vão marcar as vidas dos seus colegas, dos seus professores e dos seus pais.

Ao ser interface entre a escola e a comunidade, a TV na Maior permitiu também estreitar a proximidade entre a escola e as famílias e, por isso, entre os nossos alunos e os seus pais, bem como aumentar a visibilidade do agrupamento de escolas na comunidade local e a nível nacional. Para este último aspeto muito têm contribuído os convites para a apresentação do projeto em encontros e congressos nacionais, onde os alunos têm oportunidade de dar o seu testemunho como participantes no projeto e mostrar o trabalho desenvolvidos e os seus resultados.

A divulgação através das redes sociais e as apresentações públicas do projeto em eventos nacionais e internacionais, muito graças ao apoio da Rede de Bibliotecas Escolares no sentido de tornar conhecido o nosso projeto, permitiram que sejamos contactados por instituições externas que connosco querem estabelecer parcerias de trabalho.


Que melhorias incluiria se repetisse esta experiência?

Apesar de ser se tratar de um projeto em implementação ininterrupta desde 2016, temos integrado estratégias de melhoria da qualidade dos programas e, consequentemente, da nossa intervenção nas aprendizagens dos alunos.

Para o futuro, planeamos continuar a envolver mais alunos na produção de conteúdos para a TV na Maior através de propostas de trabalho no âmbito do Domínio de Autonomia Curricular e incluindo alunos de outros ciclos de ensino do agrupamento.

 

 

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