Iniciativa que consiste num concurso de escrita criativa que implica escrever um texto original e criativo subordinado a um tema a definir em cada ano. Os textos podem ser apresentados em Língua Portuguesa ou Língua Estrangeira (Inglês, Francês, Espanhol ou Alemão).
Em 2024.2025, o concurso implicou escrever um texto original e criativo subordinado ao tema “Cidadania e interculturalidade”.
Os jovens participantes, divididos em dois escalões (Escalão A - Grupo etário 12-15; Escalão B - Grupo etário 16-19), exercitaram as competências de escrita criativa associadas à reflexão do tema em apreço, tendo agora oportunidade de ver os seus trabalhos no Portal da RBE e do Agrupamento.
Pontes InvisíveisNa pequena cidade onde cresci, havia um parque que parecia ser o coração pulsante da comunidade. Era lá que os vizinhos se encontravam, onde as crianças brincavam e onde, no final do dia, se partilhavam histórias em diversas línguas. O senhor Ahmed, um padeiro sírio que fugira da guerra, costumava oferecer pedaços de pão quente aos transeuntes. Dona Maria, uma professora reformada, ensinava Português aos estrangeiros recém-chegados. O jovem Samir, vindo do Senegal, organizava jogos de futebol para todos, sem distinção. Apesar dessa diversidade, nem sempre tudo corria bem. Houve momentos de desconfiança, de palavras cortantes e de olhares que diziam mais do que mil palavras. Contudo, foi nesse mesmo parque que aprendemos que a cidadania não se resume a um documento ou a um local de nascimento. É um ato diário de respeito, empatia e compreensão. Com o tempo, as diferenças transformaram-se em pontes e não em muros. Os gestos simples – um sorriso, um convite para um café, uma ajuda com as compras – tornaram-se símbolos de pertença e de aceitação, mostrando-nos que a interculturalidade, afinal, não significa apenas coexistência, mas troca, partilha e crescimento mútuo. Quando Samir ensinou as crianças a dançar ao ritmo dos tambores africanos, quando o senhor Ahmed adaptou a sua receita de pão para incluir ingredientes locais ou quando a Dona Maria se aventurou a aprender algumas palavras persas, percebemos que a diversidade é uma riqueza e nunca uma ameaça. Ser cidadão é participar, é incluir, é ter voz e dar voz ao outro. É compreender que, independentemente da cor da pele, da língua ou da religião, há algo que nos une a todos: o desejo de sermos reconhecidos, respeitados e aceites. Naquele parque, entre aromas de especiarias, risos de crianças e melodias de diferentes cantos do mundo, descobri que a cidadania e a interculturalidade não são conceitos distantes. São a base de uma sociedade mais justa, mais humana e, acima de tudo, mais rica em histórias que merecem ser contadas. Leonor Resende da Silva Barbosa, 10º anoAgrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite, S. João da Madeira |