Gatil Simãozinho

Por Gonçalo Costa, Leonor Salgado e Nicole Fraga (texto e fotografias)

foto dos três autores

Projeto admirável de apoio a gatos abandonados ou maltratados, o Gatil Simãozinho foi agraciado em 12 de outubro de 2021 com o Prémio Ghandi de Educação e Cidadania, instituído pelo Ministério da Educação.

O Gatil Simãozinho nasceu em boa hora, no dia 13 de maio de 2009.

Segundo a coordenadora do projeto, a professora Luísa Veiga, o Gatil Simãozinho surgiu da necessidade de albergar uma colónia de gatinhos composta por seis felídeos que ficou na antiga Escola da Veiga. A professora passou então a deslocar-se, diariamente, ao local para lhes dar de comer.

A situação começou, a pouco e pouco, a tornar-se insuportável. “Os novos inquilinos passaram a instalar-se nas salas abandonadas da escola e também dentro dos carros dos veraneantes que estacionavam nas imediações.  

uma mulher com um gato - foto da professora Luísa
Luísa Veiga, coordenadora do Gatil
(Foto de Leonor Salgado)

Uma vez que tal aconteceu, por volta das 14 horas, tive que pedir socorro a dois lavradores que trabalhavam os seus camposàquela hora”, referiu a coordenadora do gatil. E assim nasceu, em Guimarães, na Escola Básica e Secundária Santos Simões  ̶  a escola que substitui a Escola da Veiga  ̶  este projeto fantástico de apoio a gatos desabrigados que recebem carinho de todos nós.

Sustento do Gatil Simãozinho

Antes da pandemia, para sustentar o gatil, a coordenadora organizava semanalmente, feirinhas e peditórios e o valor auferido dava para as despesas. “De há dois anos para cá, confronto-me com muitas dificuldades financeiras, mesmo fazendo-se almoços e lanches solidários na escola; são vidas que necessitam, diariamente, de higiene, de alimentação e de cuidados veterinários que neste momento são mais redobrados e contínuos”, disse-nos a professora Luísa Veiga.

  “O que dá esperanças é olhar para os olhos de felicidade dos gatinhos quando nos veem, a mim, à D. Cristina, à D. Luísa e à D. Paula ou quando um aluno nos diz que escolheu esta escola por causa do gatil”  

E acrescentou que, a convite de uma cadeia de lojas de produtos para animais de estimação, todos os meses, na sua loja do Espaço Guimarães, realiza-se uma campanha de angariação de alimentos envolvendo alunos da nossa escola. Inúmeras foram as ofertas em rações e patês para os nossos bichanos!

Porém, nem sempre é possível angariar o que é necessário. A professora Luísa confessou-nos que já por diversas vezes se sentiu frustrada, muito cansada e muito desmotivada com vontade de acabar o projeto. São 13 anos de muito, muito trabalho e não houve nunca um dia em que estivesse desligada do projeto.

“O que dá esperanças é olhar para os olhos de felicidade dos gatinhos quando nos veem, a mim, à D. Cristina, à D. Luísa e à D. Paula ou quando um aluno nos diz que escolheu esta escola por causa do gatil”, afirma, emocionada.

Todos os gatinhos têm nome

 
vários gatos a dormir em cestos no gatil
Gatil: a constante atração do recreio
(Foto de Nicole Fraga)

Ao questionarmos a professora sobre o facto de todos os gatos terem nome próprio, foi-nos respondido que é uma forma de os identificar e de os tornar singulares.

Normalmente é a coordenadora que os batiza, mas, por vezes, pede sugestões a grupos de alunos que se encontram no gatil. A título de exemplo, mencionamos alguns nomes criativos: Oreo, Ervilha, Cajú, Gogi, Burkina, Bapu (nome que o povo indiano chamava a Gandhi e que quer dizer “papá”). Todos têm o seu cartão de saúde, onde estão registadas as vacinações e as desparasitações, bem como o chip.

É necessário respeitar os gatos

Perguntámos depois à professora Luísa Veiga qual o contributo que os alunos poderiam dar no que diz respeito ao bem-estar do Gatil Simãozinho. Entre os miados e ronrons dos gatos que se enroscavam nas nossas pernas, a coordenadora afirmou que todos devem ter respeito pelas suas características e que é absolutamente necessário não fazer barulho, sermos calmos e carinhosos quando nos aproximamos dos gatinhos, não atirar pedras e paus para dentro do recinto, como, por vezes, acontece, para que eles se sintam confortáveis e queridos no seu espaço.

Sabendo que nós, os alunos, adoramos gatos e que talvez a nossa companhia contribua para a sua felicidade, a fundadora afirma que “é a companhia dos gatos que nos traz felicidade e tranquilidade, sendo que haverá sempre um dado muito importante que devemos todos reter, é necessário “saber estar” e “saber respeitar o animal. Assinalou também que “nunca devemos, em momento algum, gritar e puxar as grades, pois todo o ruído perturba os felinos”.

Frisou ainda que é importante ajudar sempre e não de vez em quando, quer participando em feirinhas, peditórios, lanches solidários, quer contribuindo com alimentos, areia, mantas brinquedos, e, sobretudo, tratá-los com o respeito e com o carinho que merecem.

Um elemento diferenciador

Para conhecermos melhor o sentimento da nossa escola em relação ao Gatil Simãozinho, elaborámos um inquérito com as seguintes perguntas:

“1) O que achas do projeto gatil? 2) Como descreves o gatil, numa palavra? 3) Se tivesses oportunidade, adotarias um gato do gatil?” Concluímos que, em geral, os inquiridos têm todos a mesma opinião. Foram unânimes em afirmar que se trata de um extraordinário projeto e que é um incentivo para os alunos, pois é inédito nas escolas públicas portuguesas; além disso é interessante, educativo, uma forma de começarem a conhecer o significado de “lar”. Todos consideraram uma mais-valia acolher gatos desabrigados.
gata em primeiro plano e eoutros em fundo.
A gata Vitória em pose de celebridade
(Foto de Gonçalo Costa)

Ao longo destes anos, esta iniciativa tem tido uma influência benéfica junto da nossa comunidade educativa. A comprovar isso, a fundadora refere: “Verifico que muitos dos discentes, hoje já adultos, me procuram para continuar a ajudar de várias formas, incluindo a adoção de um gatinho.”

Gonçalo Costa, Leonor Salgado e Nicole Fraga; 13 anos, 8.º ano
Agrupamento de Escolas Santos Simões, Guimarães
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