Bernardo Coelho Renga e Joana Sanguinho Feiteirona


Agrupamento de Escolas José Régio - Portalegre

1.º desafio - texto

Os vampiros e os lobisomens fazem parte do nosso imaginário.
Será que andam por aí vampiros e lobisomens?

19 de novembro de 2021

Querido diário,
São cinco horas da manhã e não consigo pregar olho. Desde as quatro da manhã que tenho um sentimento invulgar. Sinto-me alterado. Será que tem a ver com
a Lua cheia? Já no mês passado foi a mesma história. Foi a mesma coisa que não dizer nada, pois falei no assunto à minha mãe, da última vez que me senti desta
maneira; simplesmente fui ignorado. Também tinha falado disto ao meu irmão mais velho, no mês anterior, pois ele interessa-se sempre pelas minhas preocupações, mas, dessa vez, disse-me apenas que a Lua cheia afeta o sono do ser humano. Aceitei essa explicação até que, esta madrugada, voltei a sentir o mesmo, mas, com maior intensidade. O que se passa comigo?!

20 de novembro de 2021

Querido diário,
A minha irmã veio ter comigo e fez um comentário desprezível: “Deves pensar que és um lobisomem!”. A malandra andou a ler o meu diário! Tenho de arranjar um
cadeado... mas a sua observação pôs-me a pensar: será que sou um lobisomem? Os lobisomens não são apenas do nosso imaginário?

Vamos expor os factos: sinto-me estranho nas noites de Lua cheia, tal como os lobisomens; tenho uma alergia fora do comum à prata e os lobisomens podem morrer
devido a um objeto cortante de prata. Tenho muitos pelos nas costas, algo que não é normal na minha idade e, pelo que a minha dentista diz, tenho os dentes demasiado bicudos e afiados. Muitos colegas meus queixam-se das minhas unhas tão grandes que acabo por os ferir, sem querer. Para ser franco, não tenho muitos amigos, talvez por me acharem um “esquisitoide”. A minha avó, além de me achar um miúdo diferente dos outros, afirma que sou um pouco agressivo, não só na maneira de comunicar, mas também com as minhas ações e ela diz sempre: “Assim não há maneira de arranjares uma jovem!”.

Talvez existam lobisomens e outras criaturas míticas por aí: vampiros, sereias, fadas...Ai, se a minha mãe lesse o que estou para aqui a escrever, pensava que
estava maluco e iria proibir-me de continuar a ver as minhas séries preferidas: Teen Wolf e Vampire Diaries. Talvez haja alguma razão para essas serem as minhas séries preferidas. Talvez haja algo que me conecte a elas...

Os cientistas só acreditam nas coisas que veem com os seus próprios olhos ou nas coisas que comprovam...mas, se os pensamentos tivessem permanecido dentro
da realidade e do normal, nunca teria havido pessoas a questionarem-se “Porque é que...”, “E se...” logo, continuaríamos sem ter respostas a acontecimentos que
poderiam ser eventualmente menos comuns nos dias de hoje.

Acho que devíamos ter todos a mente aberta e interrogarmo-nos sobre factos que podem parecer impensáveis e assim diminuir a ignorância que a sociedade tem.
Eu concordo com Albert Einstein quando diz: “Algo só é impossível até que alguém duvide e resolva provar o contrário.” Sim, é uma frase que faz muito sentido para mim. Se querem duvidar e provar o contrário sobre a existência de criaturas míticas, força nisso! Mas até lá, vou permanecer a acreditar nos lobisomens, vampiros, fadas... Só não me venham dizer que são fictícios! É a mesma coisa que uma pessoa dizer que não gosta de camarões, sem os ter provado!

Sim, posso parecer insano ao considerar que os lobisomens são reais, pois cada um tem o direito de acreditar no que quiser. Eu tenho quase a certeza de que os
lobisomens ou outra qualquer criatura mítica, como os vampiros, podem ser a resposta aos mistérios da atualidade e não só... uma resposta àquilo que estou a passar... a sentir... a viver... OMG! Será tudo isto apenas fruto da minha imaginação?!


2.º desafio - texto

Lemos, escrevemos e aprendemos cada vez mais no digital. És a favor ou contra?

No dia 10 de Junho de 2021, foi aplicado um inquérito à população de Portalegre, no qual se questionaram algumas pessoas acerca do tema: “Lemos,
escrevemos e aprendemos cada vez mais no digital. É a favor ou contra?”
Apresentamos alguns pontos de vista de diferentes gerações e de diferentes carreiras profissionais sobre o tema em questão:

Ulisses Maria, 66 anos, professor de Ciências Naturais

«Eu, como ex-professor de Ciências Naturais, sou um apologista quando se trata de defender o ambiente! Posso dizer que não concordo com o uso de tecnologias
para a aprendizagem! Têm noção que há um grande consumo dos recursos naturais em causa, para se construírem esses meios, a que chamam de tablets e
smarthphones?! Estes recursos esgotam-se, daí serem não renováveis. Ao haver um maior consumo é impossível reporem-se nas quantidades desejadas. Estamos perante uma geração consumista! O que aconteceu à utilização da maravilhosa e simples ardósia?! UMA VERGONHA! Os pensamentos desta geração são incompreensíveis e egoístas! Pensem que os vossos netos não terão solo onde pisar e ar para respirar!

Anita Ferreira, 9 anos, estudante do 3.o ano

«Digital? Como assim? É tipo internet? É que eu acho que a internet é “buéda” fixe, dá para fazer “bué” coisas! É que eu ontem joguei no Hypatiamat, que é tipo uma
aplicação com vários tipos de jogos de Matemática, e agora sou um génio a Matemática. Não é preciso fazer contas em pé, tipo, no Hypatiamat desenvolvemos o
nosso cálculo mental. Também gosto muito do jogo da Abelha e da Lagarta do Hypatiamat. Hum, até faço mais pontos que a minha mãe!... Também consigo
pesquisar muitas músicas no Youtube para aprender a contar os números e as cores em inglês. Sabe o que significa purple? Eu também quero um computador, como o do meu mano, porque joga muito lá, mas também faz lá muitos trabalhos, até trabalhos de Físico-Química lá faz; eu não sei bem o que é, mas acho que é tipo experiências e explosões. #ilovedigital!»

Vanessa Carrasco, 55 anos, professora bibliotecária

«Eu não sou a favor destas tecnologias, porque, por este andar, não irei ter emprego, nem eu, nem muitas colegas bibliotecárias e até as editoras. Acho que toda
a gente gosta de abrir um livro novo, cheirá-lo e folheá-lo, mas com estas tecnologias, esse cheiro ir-se-á perder no mundo. Lembro-me de, há muito tempo, esta biblioteca estar cheia de estudantes, mas agora está deserta...É melancólico pensar nisto...Há pessoas que descarregam os livros “online”, compram eBooks, mas há outras que nem leem! Estes adolescentes não têm “fome e sede” de saber e aprender, como antigamente... Tenho muito receio... Como será a nossa sociedade amanhã... Tem que haver um equilíbrio, não pode ser só digital.»

Rogério Ventura, 37 anos, doméstico

«Ter filhos é muito cansativo! Mas sabe, a verdade é que as novas tecnologias me têm ajudado bastante! Escrevo as tarefas que tenho de fazer num bloco de notas
digital e tenho os meus alarmes todos prontos para ir buscar os meus filhos e para os levar às atividades extracurriculares. As tecnologias ajudam muito as crianças a
entreterem-se e até com os jogos aprendem muito, pois nem todos os jogos são de carros e de vestir bonecas. Temos é que saber escolher o que é melhor para eles.
Hoje em dia, a acessibilidade a documentos e informações é enorme, comparativamente com o meu tempo. As novas tecnologias ajudam muito os meus
filhos a fazerem os seus trabalhos, a conseguirem escrevê-los nos seus próprios portáteis e guardá-los de uma maneira muito organizada, em pastas. Eu estou atento,
tenho sempre cuidado para que não vejam coisas perigosas ou impróprias na internet. O que agora é bastante útil, porém, com estas evoluções tão rápidas, não sei se dará certo. Só o tempo dirá se estamos no bom caminho, se a ciência e a tecnologia estão a ser usadas no bom sentido. Não sei bem se consegui responder à questão...»

Podemos, então, concluir que, diferentes faixas etárias têm diferentes opiniões, quanto a este assunto. A maioria da faixa idosa tem tendência a ser contra, porém, os
jovens, que são os que beneficiam mais das tecnologias, defendem-nas.
Se quiserem dar a vossa ideia sobre este assunto, escrevam-na na página do nosso site: www.inqueritosparavoce.pt. Agradecemos o vosso interesse neste artigo e
fiquem atentos ao inquérito da próxima semana.

Se quer ser compreendido, dê a sua impressão!


3.º desafio - texto

A escola está a mudar! Escola, como te quero?

Jorge: - Olá avó! Já cheguei da escola. Tudo bem?

Avó: - Então querido, queres comer umas panquecas que acabei de fazer?

Jorge: - Pode ser avó, mas tem que ser rápido que tenho muito trabalho para fazer.

Avó: - Então, correu bem a escola? E esse trabalho, é sobre o quê?

Jorge: - Amanhã tenho uma reunião de delegados de turma e tenho que levar apontamentos preparados para discutirmos na reunião. Tenho que levar ideias sobre o que queremos de novo e de melhor na escola. Vai demorar muito tempo! Há tanta coisa de que precisamos...

Avó: - Então, o que achas que a escola precisa? Não te posso ajudar muito, pois as coisas que têm na escola, são muito diferentes das que eu tinha antigamente. No meu tempo usava ardósia e agora vocês gastam tanto papel...

Jorge: - Ó avó! Nós quase já não usamos papel, agora é tudo feito nos tablets, computadores e na internet.

Avó: - Então, assim, o que é que queres mais?! Têm tantas coisas boas, que nem sabem usufruir delas. Quando tinha a tua idade tinha que levar comida feita por mim para o meu almoço na escola e agora vocês mal sabem ferver água!

Jorge: - Pois, realmente... Deveríamos aprender isso na escola... talvez com aulas de cozinha básica. E não é só! Oiço sempre os meus pais a falar do IRS e nem sei o que isso é, nem para que serve!

Avó: - Vocês, crianças de hoje, não sabem o que a vida custa. Não têm noção do preço e dos gastos do quotidiano. Deveriam, desde cedo, ter aulas de economia.

Jorge: - Tens toda a razão. Vou apontar, mas penso que a escola não pode disponibilizar-nos no horário essas aulas. Mas poderíamos fazer “workshops” de várias coisas, como de autodefesa, suporte básico de vida...Grande ideia! Vou já apontar! Até se poderia criar um clube de culinária na escola! Avozinha, gosto mesmo de conversar contigo!

Avó: - Acho muito bem! E os teus colegas não deram ideias?

Jorge: - Deram sim. A Adelaide deu a ideia que devíamos ter almofadas, sofás e pufes na escola. Iria dar um ar mais acolhedor e apelativo. Assim teríamos um bocadinho mais de vontade de ir à escola. O Sebastião complementou a ideia da Adelaide e disse que também podíamos ter cadeiras com rodinhas.

Avó: - Ó Jorge! Mas essa ideia não é muito boa! Com essas cadeiras com as tais rodinhas iriam estar sempre na brincadeira e distraídos!

Jorge: - Tens razão! Quem me dera ter uma Associação de Estudantes para debatermos isto. Poderíamos assim organizar bailes, festas, angariação de dinheiro para comprarmos as coisas que precisássemos. O problema é que as associações só existem no secundário.

Avó: - Secundário?! Isso é que ano?

Jorge: - Do décimo até ao décimo segundo ano.

Avó: - Tantos anos na escola! No meu tempo eram só quatro! Quem me dera a mim ter tido tantos anos para aprender! Vocês agora só querem sair da escola e ir para as festas. Nem dão graças ao que têm!

Jorge: - Pois avó, mas nem todos são assim e nem todos gostam de ir à escola. Acho que a escolaridade não devia ser obrigatória! Uma coisa boa que temos são os cursos profissionais, para aqueles que querem começar a trabalhar mais cedo. Assim, esses alunos começam logo a aprender uma profissão. Claro que, se depois mudarem de ideias, também podem ir para o ensino superior.

Avó: - Ai sim? E que cursos é que já ouviste falar?

Jorge: - Na minha escola não há, mas já ouvi falar sobre os cursos de Saúde, Eletricidade, Desporto... Na verdade eu não quero ir para nenhum desses. Avó, tens mais alguma ideia?

Avó: - Vá despacha-te lá a comer que está na hora de ires para a explicação! Gastas tanto dinheiro na explicação que não convém chegar atrasado. Podiam era ter umas explicações de graça na escola, isso é que era de valor.

Jorge: Sim, mas sabias que já existe isso nas escolas? Pelo menos eu tenho na minha. É um programa de mentorias, no qual os alunos se ajudam uns aos outros nas disciplinas em que são melhores. É pena que nem todas as turmas da minha escola usufruam desse programa... Aprende-se muito, pois, às vezes, a maneira como os colegas explicam é mais fácil de compreender.

Avó: - Olha que bem! É importante ganharem valores como os de solidariedade e de união para a vossa vida futura. Esses programas todos de entreajuda vão ajudar-vos a serem melhores cidadãos. Acho que a tua mãe também me disse que agora têm aulas de cidadania...

Jorge: - Sim, temos, mas é pena que nem todos os professores lecionem temas importantes e as aproveitem, apenas, para falar de assuntos da turma. A que horas é que a mãe chega?

Avó: - Ela estava quase a acabar aquela reunião... por causa do projeto UBUNTU.

Jorge: - Já me deste mais uma ideia! Vou sugerir fazermos esse projeto na nossa escola. Acho que para haver desenvolvimento pessoal e social, as pessoas têm que ter empatia umas pelas outras e melhores princípios e valores, desde pequenas. Não podemos pensar só em nós. É só selfies, selfies, selfies. É só o “eu”, “eu” e mais “eu”... Temos urgentemente que parar e pensar nos nossos comportamentos.

PIII PIIII (ouviu-se um automóvel a buzinar).

Jorge: - Adeus avó, a mãe já chegou. Obrigado pela tua ajuda.

Avó: - Adeus, querido!

_
Contactos
_
Acessibilidade
_
Lista de distribuição
_
Blogue
_
Facebook
_
Instagram
_
Twitter
_
YouTube
_
Flipboard